quarta-feira, 10 de abril de 2013

FISIOLOGIA CARDÍACA


O coração é um órgão único e muscular que possui duas características que o distingue dos demais órgãos, a excitabilidade e a condutibilidade. Este é capaz de gerar estímulos espontâneos de maneira rítmica, sem necessitar de inervação parar gerar um estímulo elétrico para sua contração. O nó sinoatrial (S-A), as vias internodais, o nó atrioventricular (A-V), o feixe atrioventricular e as fibras de Purkinje fazem parte desse sistema.

 Fonte: http://dc220.4shared.com/doc/6WX5x04b/preview_html_m111e5721.jpg

Os músculos cardíacos apresentam três tipos de canais iônicos, os quais são importantes para a variação da voltagem da membrana que é necessária para a geração do potencial de ação cardíaco. O potencial de membrana da fibra muscular é de aproximadamente -90mV e quando um impulso que induz a despolarização chega até ela, acontece as seguintes etapas:

0 - Nesta fase há a abertura dos canais rápidos de Na+, os quais vão elevar o potencial de membrana (despolarizar).
1 – Abertura dos canais de K+, os quais vão iniciar a repolarização da célula.
2 – Nesta etapa há a abertura dos canais lentos de Ca2+, que começam a se abrir lentamente até abrir por completo. Esses canais permitem o influxo do íon Ca2+ da célula, o que vai interromper a queda do potencial. O influxo de Ca2+ “compensa” o efluxo de K+ da célula, o que vai retardar a repolarização, formando o “platô”.
3 – Canais lentos de Ca2+ se fecham. A saída contínua de K+ leva a repolarização da célula e, consequentemente, faz com que esta chegue ao seu potencial de repouso.
4 – Canais de K+ se fecham e membrana se mantém em seu potencial de repouso.


O potencial de ação do nó sinoatrial e atrioventricular se difere do potencial da fibra cardíaca. Nestes o potencial de repouso é mais negativo e os canais lentos de Na+ ficam inativos (não podem ser abertos). Além disso, o potencial de ação vai ter início com a despolarização causada pela abertura dos canais lentos de Na+. Dessa forma, o potencial vai ser caracterizado por um desenvolvimento mais lento e decréscimo menos acentuado.
         A fase 4 destes é marcada por uma despolarização espontânea (influxo constante de Na+ na célula), uniforme e lenta. Dessa forma, a célula tem uma despolarização espontânea até chegar ao potencial limiar e induzir o potencial de ação.
          Como demonstrado na figura, o nó sinoatrial possui uma maior freqüência de disparo do potencial de ação e, por este motivo, ele é o marcapasso do coração. Como a despolarização do nó sinoatrial é mais rápida, seu impulso é gerado e conduzido por meio do átrio até o nó atrioventricular. Este que ainda não despolarizou o suficiente até gerar o potencial de ação recebe o impulso vindo do nó sinoatrial e atinge seu limiar (ocorre o potencial de ação) e transmite o impulso elétrico aos ventrículos.

Potencial de ação no nó Sinoatrial  

Potencial de ação no nó Atrioventricular



          O nó atrioventricular é importante para o retardo da transmissão do impulso elétrico do átrio para o ventrículo, fazendo assim com que os átrios se contraiam antes dos ventrículos.

A CONTRAÇÃO CARDÍACA

            O sarcômero é a unidade contrátil do músculo, neste se encontra filamentos grossos e finos que se intercalam. O filamento fino possui actina, troponina e tropomiosina. A actina é uma proteína que quando polimeralizada forma uma dupla hélice que irá conter os sítios de ligação com a miosina. A tropomiosina está ligada a actina e tem função de impedir a ligação desta com a miosina (bloqueia o sitio de ligação). Por fim, a proteína troponina fica ligada a tropomiosina e tem como função regular o bloqueio feito pela tropomiosina. Além disso, essa proteína possui três regiões: uma com afinidade a actina, outro com a tropomiosina e a última ao Ca2+.

Fonte: http://www.apoioescolar24horas.com.br/cf/salaaula/estudos/biologia/054_histologia/img/m2.jpg

            Os filamentos de actina e miosina ligam-se facilmente quando não estão sob bloqueio da tropomiosina (que impede a ligação na ausência de Ca2+). O sitio de ligação da actina/miosina é liberado com a chegada do potencial de ação na fibra muscular, que vai permitir a entrada de Ca2+ na célula (liberados pelo reticulo endoplasmático). Este se liga a troponina C, a qual vai sofrer uma mudança conformacional e fazer com que a tropomiosina libere os sítios de ligação da actina com a miosina.
            A interação entre actina e miosina só acontece com a presença de ATP e magnésio (estão presentes em condições normais).
            A contração irá acontecer com o deslizamento dos filamentos finos sobre os grossos (encurtamento do sarcômero), com as seguintes etapas:
  • A molécula de ATP se liga a um sítio presente na cabeça da miosina e é hidrolisada em ADP e Pi, que vão permaner fixos a cabeça, ocupando o sítio. Nesse estado, a cabeça pode se entender em direção ao filamento fino.
  • Com a liberação do sítio actina/miosina (bloqueada pelo complexo troponina-tropomiosina) proporcionada pela ligação do Ca2+ à troponina C, os filamentos de actina e miosina podem se ligar.
  • A miosina diminui sua afinidade com o ADP e Pi, os quais vão se dissociar do sítio catalítico da miosina. Simultaneamente a dissociação, a cabeça da miosina se move e puxa o filamento de actina, provocando seu deslizamento sobre o filamento de miosina.
  • Para a dissociação da miosina a actina, uma molécula de ATP tem que se ligar novamente a ela. Com a entrada de um ATP a molécula retorna a sua conformação original e promove a quebra do ATP, o que leva ao recomeço do ciclo.


Nenhum comentário:

Postar um comentário